Sou muito má aluna… Também sou professora e precisamente por isso sou má aluna! Detesto estar sentada horas sem fim a ouvir. Mesmo quando o docente tem qualidade, fico irrequieta, ansiosa, e sem capacidade de permanecer sentada na cadeira!
É por isso que tenho uma regra sempre que desenho formação: assegurar o custo de oportunidade do participante. Por outras palavras, penso sempre que para além do investimento financeiro devo compensar o tempo investido. A pessoa tem de sair da sessão a pensar: Wow! Isto valeu mesmo a pena! Eu trago algo de valor! Para obter este resultado, é indispensável investir em metodologias ricas e diversificadas que conduzam os participantes numa jornada de exposição, descoberta, experiência e prática.
Para garantir a retenção de conhecimento, a obtenção de ferramentas, e o estímulo ao networking, é preciso conhecer como é que as pessoas aprendem.
Em primeiro lugar, existe algo verdadeiramente brilhante nos seres humanos – nascemos prontos para aprender! Somos capazes de aprender de forma rápida, eficiente e automática. De acordo com o investigador Benedict Carey, o nosso cérebro não é um músculo. Não aprendemos com repetições ad nauseum nem numa sala em silêncio absoluto.
O nosso cérebro é sensível ao humor, ao tempo, aos ritmos circadianos, à localização e ao ambiente.
Vivemos sob o jugo da aprendizagem ativa (Active learning), conceito derivado da neurociência assente na premissa de que aprendemos melhor quando ativos. Stanislas Dehanene, um dos proponentes do active learning terá ficado horrorizado quando visitou uma escola que aplicou literalmente o conceito ao colocar pedais de bicicleta em todas as secretárias. “Active engagement takes place in our brains not your feet.” Assim, para melhor dominar um conceito devemos reformulá-lo com as nossas próprias palavras e pensamentos. A escuta passiva é sem dúvida a pior forma de aprender.
A consolidação, o envolvimento ativo e o feedback são fundamentais para uma aprendizagem efetiva. O formato de pergunta e resposta e debate é uma ferramenta extraordinariamente eficaz na consolidação de conceitos. A necessidade de digerir, reformular e conseguir debater uma ideia é, em si só, um processo de aprendizagem. Muito longe de uma aula magistral, em que ouvimos conceitos de forma passiva, mas antes um formato participado. Esta técnica também ajuda no processo de “chunking”, que consiste em partir o conteúdo em seções mais curtas com a introdução de elementos interativos. É imperioso tornar os conteúdos digeríveis e interessantes para os participantes.
O recurso a metodologias diversificadas enriquece a experiência e torna a aprendizagem mais impactante. No ISEG Executive Education desenvolvemos programas online, síncronos e assíncronos, assentes numa metodologia inovadora - o Sprint. Os participantes partilham momentos de aprendizagem em grupo, bem como o acesso a ferramentas que permitem aprendizagem self-paced.
A par destas metodologias proprietárias, introduzimos várias ferramentas pedagógicas como simuladores, bootcamps, Data Dives (com programação em Python ou outras linguagens), estudos de caso, trabalhos de grupo, coaching, mini quizzes gamificados, live projects, discussões de caso com painéis de convidados, self-assesments, checklists, fishbowls, entre outros. Os simuladores e casos multimédia desafiam os participantes a refletir e aplicar vários conceitos e ferramentas que apreenderam ao longo da formação. Os business safaris consistem em visitas guiadas a empresas de forma estruturada, e com uma perspetiva clínica do negócio apresentado. As experiências imersivas de 12-24 horas são fantásticas, pois permitem trabalhar tanto competências hard como soft.
Trabalhamos também com “Practice Clinics®”, em que o ritmo em constante mudança da experiência de aprendizagem é desenhado para garantir os melhores resultados e contribuir para uma maior retenção dos conceitos apresentados. Utilizamos esta metodologia em áreas comportamentais, data, métricas, finanças, entre outros.
Na realidade aprendemos todos da mesma forma, pois é uma questão de biologia. O que difere é a velocidade de aprendizagem. Por exemplo, todos beneficiam de abordagens que usam áudio ou elementos visuais. A introdução de media rico ajuda na captação da atenção e na retenção dos conceitos. No ISEG Executive Education, investimos na criação e desenvolvimento de conteúdos ricos proprietários, alguns customizados. Estes conteúdos trabalham competências e apresentam conceitos de forma cirúrgica, indo diretamente aos objetivos de aprendizagem. Paralelamente, criamos Media Centers com artigos, podcasts e vídeos sobre o state-of-the-art das matérias trabalhadas. Estes conteúdos permitem aos participantes explorar conceitos ao ritmo adequado a cada um e centrado nos seus interesses individuais.
Complementarmente, o Workbook, documento proprietário do ISEG Executive Education e específico de cada programa, ajuda os participantes a navegar pela sua learning journey, construindo insights e trabalhando as competências mais pertinentes para cada programa.
Por outro lado, aprendemos e retemos mais informação quando mudamos de cenário. É por isso que sempre que possível promovemos a mudança de contexto de aprendizagem. As sessões podem ter lugar num auditório, numa sala disposta em ilhas ou em U, no fantástico rooftop do ISEG, com vista para o Tejo ou num local fora do campus (ex. uma visita a uma fábrica, uma adega, uma sessão ao ar livre). Estas alterações estimulam a memória e facilitam o acesso posterior à informação.
No ISEG Executive Education, o futuro será agnóstico quanto à plataforma. Estamos preparados para formação presencial, online ou blended. O que fará a diferença será a riqueza da experiência e as metodologias que suportam a aprendizagem e real transformação. Assim, é este o nosso foco, continuar o caminho de inovação, melhorando o impacto junto dos nossos participantes e clientes.
Por Joana Santos Silva
Diretora de Inovação do ISEG Executive Education,
Assessora da Presidência do ISEG para Desenvolvimento Estratégico
e coordenadora do programa executivo 'Strategic Management & Innovation'